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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Sempre a mentira...

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A indústria do aborto e seus simpatizantes vive de mentir, mentir, mentir. Isto é um fato cada vez mais comprovado. Mentem porque a realidade lhes é desfavorável; mentem porque pouco se importam com a verdade; mentem porque seus pseudo-argumentos só sobrevivem em meio à confusão que causam na cabeça dos incautos.

É tudo parte do pacote que eles vendem. Pena que há tanta gente que o compre, seja devido a uma ignorância sobre o assunto, seja devido a querer fazer parte deste assim chamado "progressismo".

A mentira, desta vez, apareceu na Colômbia...

Em um boletim especial emitido pelo Population Research Institute a mentira montada pelos pró-aborto daquele país salta aos olhos até de quem é indiferente ao assunto.

Eis um pequeno trecho:

"As feministas pró-aborto disseram que eram feitos mais de 300.000 abortos inseguros na Colômbia e daí a necessidade de legalizar o aborto nesse país. Até hoje só se realizaram cerca de 50 abortos desde Maio de 2006. Essa é a magnitude da mentira destas cifras”.

Esta mentira é conscientemente criada e nutrida com a colaboração de grande parte da mídia, da intelectualidade, de formadores de opinião, de políticos e de muitos outros. Para um número disparatado deste ser levado a sério por tanta gente preparada e instruída é preciso vontade para a má-fé, é preciso comunhão com a mentira. Gente que se diz séria e com responsabilidade social, tais como jornalistas e acadêmicos, que deveriam ser a voz da razão e da transparência dos fatos, são os primeiros a dar aval a esta mentira.

E é este mesmíssimo método da mentira que é utilizado aqui no Brasil pela mesma patota. "Feministas", jornalistas, acadêmicos, etc., todos juntam esforços para a liberação do aborto, todos emprestam seus dons a uma causa fundamentada no embuste, na confusão. São mercadores da própria consciência, a História lhes fará justiça.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Dimenstein, o mesmo de sempre

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Se o governador do RJ, Sérgio Cabral Filho, resolver candidatar-se nas próximas eleições, provavelmente ele pode contar com o voto de Gilberto Dimenstein. Mas se não der nas próximas, tudo bem... Dimenstein pelo jeito é bastante fiel às suas (péssimas) escolhas.

Quando no começo deste ano seu governador predileto começou a tentar alavancar a discussão sobre o aborto, Dimenstein não teve dúvidas e nem pudores: chamou o político de "corajoso" por tentar trazer à tona tal assunto (clique aqui para ler entrada sobre o assunto). Corajoso por quê? Por defender um dos atos mais covardes que um ser humano pode cometer? Os meses passaram, mas a admiração do jornalista pelo político parece que só aumentou. Faz sentido... Ambos se completam.

No recente e lamentável episódio envolvendo Sérgio Cabral Filho (clique aqui e aqui), Dimenstein mais uma vez veio em socorro ao patrãozinho (clique aqui).

O título pomposo -- "Aborto, crime e castigo" --, dá a falsa impressão de uma profundidade que Dimenstein jamais alcança. Nem neste e nem em textos anteriores sobre o assunto. Mas além da falsa impressão, o título é falso mesmo, pois o texto trata apenas de "aborto" -- o "crime e castigo" está lá apenas por ser bonitinho e fazer referência a um clássico da literatura russa.

O jornalista começa por clamar que suas opiniões não são aquelas de alguém que conhece o problema de longe, ele entrevistou sabe-se lá quantas crianças e adolescentes desde meados dos anos 80. Segundo ele, este seu contato direto com a realidade, fez com que ele aprendesse que:

"(...) não existe relação direta entre violência e pobreza (isso sim um preconceito), mas com a desestrutura familiar combinada com a ineficiência policial e a falta de perspectivas aos jovens nas comunidades mais pobres. Essa combinação move a produção da "fábrica de marginais." O governador Sérgio Cabral Filho disse, em essência, o que deveria ser dito: há uma relação entre violência e planejamento familiar."

O texto de Dimenstein mais uma vez se presta ao louvor de sua patota... E desta vez o desejo de agradar a sua turma é tão grande que ele até mesmo quer "dourar a pílula" sobre o que disse Sérgio Cabral Filho. O governador disse exatamente o seguinte:

"A questão da interrupção da gravidez tem tudo a ver com a violência pública."

Cabral Filho fala "em essência" coisa nenhuma! Ele quer dar vazão a um pensamento que quer ver uma conexão direta entre aborto e violência, coisa, segundo suas próprias palavras, aprendida em um best-seller. O fato é que não adianta Dimenstein querer ver um suposto mérito inexistente nas palavras de Sérgio Cabral Filho. Deixe o governador se defender, Dimenstein, ele já é bem grandinho para fazê-lo sozinho. O jornalista quer apenas pegar a onda levantada pelo governador, mas, como a onda não vai bem na direção que ele deseja, ele dá um jeitinho de acertar o rumo.

É seguindo o rumo por ele desejado que Dimenstein escreve o seguinte:

"A família torna-se o primeiro e mais devastador foco de rejeição e de ressentimento, prosseguindo na escola pública que não ensina, no posto de saúde que não cura, na polícia que não cuida da segurança, nos espaços de lazer que não existem e no mercado de trabalho que não oferece empregos para pessoas com baixa escolaridade."

Pois é... Dimenstein demonstra que conhece as causas, mas, curiosamente, ele não fala nada sobre cada um dos problemas que elencou. Ele não cobra melhores escolas, ele não cobra mais empregos, ele não cobra uma polícia melhor preparada. Nada disto! O problema para ele é:

"(...) uma mulher pobre com muitos filhos pode ser um fator de risco. Isso não é preconceito. É uma obviedade."

É impressionante como o discurso abortista é entediantemente repetitivo. Quando alguém da turma de Dimenstein começa a falar sobre aborto, podemos estar certos que ele acabará por trazer à tona o já batido "mulher pobre/inúmeros filhos". E por que fazem isto? Porque para eles o aborto é apenas uma questão de números, de quantidade. Para eles, o importante não é o fato de que uma vida é ceifada, o importante é que o orçamento público não seja onerado; o importante não é que sejam dadas melhores condições aos pais para criarem seus filhos, o importante é que estes filhos nem cheguem a nascer; imporntante não é que sejam dadas aos mais humildes melhores condições de vida, o importante é que ele não se reproduzam.

Dimenstein, espertamente, evita abordar a verdadeira questão sobre o aborto, aquela que mais espinhos traz aos que o querem ver liberado: o que é o fruto da concepção? Sem abordar esta questão, todo um discurso melosamente construído para servir a uma suposta preocupação social de nada adianta. Mas Dimenstein e sua turma evitam a questão, pois eles sabem que desta forma teriam que justificar o término cruel de uma vida humana, de um ser inocente. É bem mais fácil se colocar no papel de arauto do bem estar da sociedade...

quinta-feira, outubro 25, 2007

Sérgio Cabral Filho e o aborto - II

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3) "Sou favorável ao direito da mulher de interromper uma gravidez indesejada. Sou cristão, católico, mas que visão é essa? Esses atrasos são muito graves."

Esta visão é a da Igreja em sua milenar existência na Terra. Ou bem o governador é favorável ao aborto, ou é cristão católico. Uma coisa exclui a outra, necessariamente. Se o governador é católico, então deve conhecer o que o saudoso Papa João Paulo II escreveu na Encíclica "Evangelium Vitae":

"
A vida humana é sagrada e inviolável em cada momento da sua existência, inclusive na fase inicial que precede o nascimento."

Onde está o atraso? Onde está a visão errada? Onde a gravidade desta posição? Talvez Sérgio Cabral Filho se ache mais católico que o Papa...

O falecido Papa João Paulo II escreveu também um outro trecho que se encaixa perfeitamente no "católico" Sérgio Cabral Filho:

"Uma responsabilidade geral, mas não menos grave, cabe a todos aqueles que favoreceram a difusão de uma mentalidade de permissivismo sexual e de menosprezo pela maternidade, como também àqueles que deveriam ter assegurado — e não o fizeram — válidas políticas familiares e sociais de apoio às famílias, especialmente às mais numerosas ou com particulares dificuldades económicas e educativas."

O governador dizer-se católico é muito fácil... Muitos fazem o mesmo: estão aí as "Católicas pelo Direito de Decidir" como exemplo clássico de propaganda enganosa. O governador vai pelo mesmo caminho; no caso, quer ir abertamente contra o 5o. mandamento -- "Não matar" -- e ainda posar de católico.

Se ele quer tentar enganar a si mesmo dizendo-se católico, fique à vontade Só não espere que alguém acredite em uma asneira destas.

***

Resumindo, a fala do governador do Rio de Janeiro é um desastre completo, do início ao fim. Nada se salva. É o discurso botequinesco de quem está mais acostumado a soltar bravatas do que a refletir. É o estilo Lula de pensar nos problemas.

Sérgio Cabral Filho e o aborto - I

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O governador do RJ, Sérgio Cabral, concedeu entrevista ao portal G1, na qual podemos ler o seguinte trecho:

"G1 – Mas o Brasil não consegue dar conta do mosquito da dengue. Teremos condições de resolver essa questão das drogas?
Cabral - O Brasil não dá conta do câncer. Não dá conta dos que necessitam de CTIs. Não dá conta de um monte de coisas. Se for partir para isso... São duas questões que têm a ver com violência: uma é a questão das drogas que é mais internacional. O Brasil deve contribuir. A outra, é um tema que, infelizmente, não se tem coragem de discutir. É o aborto. A questão da interrupção da gravidez tem tudo a ver com a violência pública. Quem diz isso não sou eu, são os autores do livro "Freakonomics" (Steven Levitt e Stephen J. Dubner). Eles mostram que a redução da violência nos EUA na década de 90 está intrinsecamente ligada à legalização do aborto em 1975 pela suprema corte americana. Porque uma filha da classe média se quiser interromper a gravidez tem dinheiro e estrutura familiar, todo mundo sabe onde fica. Não sei por que não é fechado. Leva na Barra da Tijuca, não sei onde. Agora, a filha do favelado vai levar para onde, se o Miguel Couto não atende? Se o Rocha Faria não atende? Aí, tenta desesperadamente uma interrupção, o que provoca situação gravíssima. Sou favorável ao direito da mulher de interromper uma gravidez indesejada. Sou cristão, católico, mas que visão é essa? Esses atrasos são muito graves. Não vejo a classe política discutir isso. Fico muito aflito. Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal. Estado não dá conta. Não tem oferta da rede pública para que essas meninas possam interromper a gravidez. Isso é uma maluquice só."

A quantidade de besteiras apenas nesta resposta indica a mediocridade do governador para tratar grandes questões. O primarismo de Cabral Filho é parecido com o que se espera de quem tente lidar com este tema em um botequim, no qual a seriedade das opiniões é inversamente proporcional à quantidade de álcool ingerido. A rasterice de seus pseudo-argumentos não se sustentam à mais leve brisa.

Apesar da superficialidade com que trata o tema, o governador parece ter particular gosto pelo mesmo. Logo no início de seu governo, ele abordou o tema, merecendo o elogio do jornalista Gilberto Dimenstein, e que já foi abordado neste blog (clique aqui). Dimenstein, então, chamou Sérgio Cabral Filho de "corajoso". Ah, a mútua atração dos medíocres...

A verdade é que a resposta de Cabral Filho é um emaranhado de idéias pessimamente fundamentadas e que têm em comum apenas a superficialidade, coisa que parece ser a marca registrada do governador. Mas o governador pode ficar tranqüilo, pois mediocridade, superficialidade, rasteirice faz parte do pacote básico de um bom abortista.

Seu discurso é tão trôpego que dificulta sobremaneira uma análise. Salta aos olhos de quem o lê a falta de unidade mínima nas idéias. É o discurso bêbedo de quem não gastou 2 segundos no tema.

O governador merece ser respondido por partes.

1) "A questão da interrupção da gravidez tem tudo a ver com a violência pública. Quem diz isso não sou eu, são os autores do livro "Freakonomics" (Steven Levitt e Stephen J. Dubner). Eles mostram que a redução da violência nos EUA na década de 90 está intrinsecamente ligada à legalização do aborto em 1975 pela suprema corte americana."

Aparentemente o governador fez uma boa argumentação, citando a fonte e tudo mais. Coisa de nível acadêmico mesmo. A tese de Steven Levitt vai muito citada aqui no Brasil e muitos imaginam que o norte-americano demonstrou sem quaisquer sombras de dúvida a íntima relação entre aborto e violência.

Nada mais enganoso... Quem compra o peixe que Levitt quer vender sem procurar saber mais sobre sua procedência, corre o risco de ficar com um best-seller na mão e pensar que ali estão todas as respostas para os problemas atuais. Saiba o governador que a tese de Levitt não é a unanimidade que ele pensa que é. Cientistas de renome já torceram o nariz para suas conclusões e alguns até mesmo criticaram fortemente a metodologia utilizada no "paper" que serviu de base para o texto que apareceu em "Freakonomics".

Em um post antigo neste blog (clique aqui), no qual um "mestre" também citou a tese de Levitt, escrevi assim:

"Sr. Kappaun, o "mestre", "esqueceu-se" de ir atrás de outras fontes que contestam a tal demonstração de Steven Levitt. Fizesse ele um pouquinho de esforço, uma simples pesquisa no Google ou coisa parecida, ele saberia que vários pesquisadores contestaram as afirmações do Sr. Levitt e não acharam a tal relação entre aborto e criminalidade. Alguns outros pesquisadores apontaram para o fato de a queda da criminalidade coincidir com o domínio das autoridades policiais sobre a praga do "crack", que grassou entre os jovens nas maiores cidades norte-americanas. Cientistas como Theodore Joyce (National Bureau of Economic Research) e Alfred Blumstein (Criminologista - Carnegie Mellon University) vêem nenhuma ou bem pouca influência da legalização do aborto. O Sr. Kappaun, o "mestre", não deu pelota para outros pesquisadores que têm pensamento contrário ao de Steven Levitt. Talvez ele pense que um autor de best-seller, diga o que disser, deva estar certo de qualquer maneira."

O governador Cabral Filho fez como o tal "mestre" e parece também acreditar que se está impresso em um best-seller deve mesmo ser coisa verdadeira.

Mais uma coisa, a legalização do aborto nos E.U.A. aconteceu em 1973, e não em 1975. Infelizmente o governador está errado... Digo infelizmente porque se ele estivesse certo, uma legalização ocorrida 2 anos mais tarde significaria milhares de vidas salvas de terminarem como lixo biológico, pois é disto que estamos tratando - do fim indigno de uma vida humana. É disto que estamos falando, governador, de vidas humanas que merecem ser tratadas com dignidade e não terem seus destinos decididos com pseudo-argumentos coletados em algum best-seller da moda.

2) "Porque uma filha da classe média se quiser interromper a gravidez tem dinheiro e estrutura familiar, todo mundo sabe onde fica. Não sei por que não é fechado. Leva na Barra da Tijuca, não sei onde. Agora, a filha do favelado vai levar para onde, se o Miguel Couto não atende? Se o Rocha Faria não atende? Aí, tenta desesperadamente uma interrupção, o que provoca situação gravíssima."

Agora o governador tenta uma linha de argumentação apelativa ao social, ao velho tema de "os-ricos-podem-então-os-pobres-também-devem-poder". É a luta de classes invadindo o tema do aborto.

O governador, ao menos, é coerente. Coerente em sua mediocridade, mas, ainda assim, coerente. Na mesma entrevista ele defendeu a legalização das drogas. Parece que o governador não pode ver uma ilegalidade que, em vez de tratar do problemas com os instrumentos de que dispõe, ele prefere mesmo é lutar para que o delito passe a ser legal. Dá bem menos trabalho, não é, governador?

Então os pobres também devem ter o "direito" de abortar já que os mais abastados o podem? É por demais curioso o método de resolução de problemas do governador...

Aliás, beira o surreal a frase "Não sei por que não é fechado" saída da boca de um governador, que tem a polícia sob seu comando. Como assim não sabe? É simples: é devido à sua incompetência, governador! É a sua ligeireza ao tratar do tema que o leva a até mesmo a deixar de reconhecer o escopo de seu trabalho. O aborto é crime no Brasil, mas a polícia de Sérgio Cabral Filho escolhe os crimes que deve combater. Parece que Sérgio Cabral Filho, que torna-se a cada dia mais próximo do presidente Lula, está absorvendo o método deste último de abordar questões complicadas: "não sei", "não vi", "não é comigo".

Se Sérgio Cabral Filho vira para o lado quando ciente de um crime, não se surpreenda quando a população de seu estado também deixá-lo de lado nas próximas eleições.

[Continua no próximo post.]


quinta-feira, outubro 18, 2007

Recado ao ministro Temporão: vá matar mosquitos!

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Ministro Temporão e seu chefe, o presidente Lula

No dia 29 de março de 2007, o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assim declarou à "Folha de São Paulo"

Continue lendo

https://contraoaborto.wordpress.com/2007/10/18/recado-ao-ministro-temporao-va-matar-mosquitos/

segunda-feira, outubro 15, 2007

O aborto e a Teologia do Ódio de Edir Macedo

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Com o devido respeito às pessoas de boa-fé que se aproximaram da Igreja Universal do Reino de Deus e que imagino que sejam a maioria de seu contingente, a defesa da liberação do aborto por parte de Edir Macedo com a utilização da Bíblia ultrapassa quaisquer limites aceitáveis. Sua utilização de trecho das Sagradas Escrituras para justificar a hedionda prática de extermínio de crianças não nascidas é um emblema da Teologia do Ódio que ele pratica. Jamais vi uma pessoa de referência, como ele infelizmente é, utilizar-se de trecho da Bíblia para justificar o aborto de uma forma tão desonesta e tão baixa.

quinta-feira, abril 05, 2007

Aplausos do inferno

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Abaixo segue uma tradução livre feita por mim e por um amigo, Bernardo de Andrade, de um artigo do grande Pe. Frank Pavone.


***

Aplausos do inferno 

terça-feira, abril 03, 2007

Quem é hipócrita, Presidente?

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Em recente lançamento de um plano de combate a doenças sexualmente transmissíveis (DST), o Presidente Lula, mais uma vez falando para seu público, achou por bem misturar hipocrisia, Igreja, sexo na adolescência, educação sexual e outros assuntos em um discurso bem ao seu estilo: cambaleante e confuso.

Na boca de uma pessoa qualquer do povo em uma discussão de botequim ou em uma corrida de táxi, um discurso destes tem o efeito de evidenciar desconhecimento de assuntos que são extremamente delicados, mas as conseqüências de tal ato são bem reduzidas devido tanto à limitação de público quanto à ligeireza característica de tais conversas. Ninguém levará a sério um barbeiro que, finalizando um corte, falasse uma besteira aqui ou acolá.

Na boca de um presidente da república, que discursava frente ao povo e à imprensa quando do lançamento de uma política pública, fica evidente tanto o desconhecimento sobre assuntos importantíssimos quanto a falta de decoro para com instituições caras à maior parte da população brasileira. Em casos assim, a gravidade das conseqüências acompanham a importância da figura pública que deu tais declarações. Neste caso, esta figura era a do chefe do Poder Executivo. Apesar de este governo já ter deixado por inúmeras vezes claro que seriedade e honestidade não é o seu forte, tais declarações são para serem levadas bem a sério.

Que mais uma vez o presidente demonstrou que é um inconseqüente -- para se dizer o mínimo --, não resta dúvidas. Porém, é importante que nos atenhamos não somente às palavras escolhidas, mas também ao momento em que foram proferidas.

Ao acusar de "hipócritas" aos que não compartilham de seus distorcidos ideais sobre como combater a gravidez precoce ou a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, faltou ao presidente o bom hábito de fundamentar o que diz, coisa, aliás, a que ele não é lá muito chegado. Tomando-se a Igreja como exemplo segundo a visão de "hipocrisia" de Lula, cabia ao presidente provar que esta instituição prega hoje em dia algo diferente do que fez no passado, ou então que esta simula ou falseia seus ensinamentos enquanto tem uma prática bem diferente.

Rechaçando totalmente tal acusação, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, da CNBB, Dom Rafael LLano Cifuentes, divulgou uma declaração 2 dias após o discurso do presidente. Nesta podemos ler:

"(...)

A posição da Igreja é clara. Sempre o foi. Não mudou, nem mudará.

(...)

Não somos hipócritas. Nem o fomos. Nem o seremos. Somos coerentes."



Há a possibilidade de que o presidente não saiba o que é hipocrisia... Isto não é para ser descartado, mas para ter uma real idéia do que é hipocrisia bastava ao presidente olhar para os lados, para aqueles que o cercam. Tivesse feito isto, o presidente poderia ter visto seu partido e seus correlegionários serem eleitos sob um discurso moralista e, quando chegados ao poder, darem-se a práticas corruptas que deixaram casos passados parecendo pequenos delitos.

Isto é hipocrisia, presidente.

Um outro exemplo de hipocrisia, o presidente poderia buscar em suas próprias atitudes em relação ao aborto. Se puxasse um pouco pela memória, o presidente veria que ele próprio lançou, em dezembro de 2004, um "Plano Nacional de Política para as Mulheres", que, em seu item 3.6, coloca como prioridade

"3.6. Revisar a legislação punitiva que trata da interrupção voluntária da gravidez."

Isto, traduzido em linguagem clara e direta, o que é evitado por muitos, quer dizer o seguinte: "procuraremos a liberação do aborto".

Para atingir esta prioridade, o presidente deixou a cargo do Ministério da Saúde e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres a criação da Comissão Tripartite que seria responsável pela elaboração de proposta para revisão da legislação punitiva do aborto. Esta comissão atuou de 1/04/2005 a 1/08/2005. Em um surpreendente caso de eficiência governamental, os trabalhos da comissão atingiram seu objetivo de produzir um documento que faria o aborto mudar de status legal: de crime passaria a direito.

E é aqui que é importante a atenção para o momento em que certas ações foram tomadas: no dia 7 de junho de 2005, a bombástica entrevista do ex-deputado Roberto Jefferson dá novo rumo à crise iniciada com um caso de corrupção nos Correios e mergulha o país em sua mais grave crise de corrupção já vista, o escândalo do "Mensalão". Ou seja, o início e desenvolvimento da crise dos Correios e do Mensalão se deu concomitantemente aos trabalhos da Comissão Tripartite.

Findos os trabalhos, a Comissão deveria entregar suas propostas para o trâmite normal junto ao Poder Legislativo. Surpreendentemente a entrega entrou em compasso de espera. O que haveria acontecido?

Pode-se ter a resposta a esta indagação ao tomarmos conhecimento do conteúdo de carta, datada de 08/08/2005, enviada pelo Presidente Lula a Dom Geraldo Majella, Presidente da CNBB. Nesta, podemos ler:

"Nesse sentido quero, pela minha identificação com os valores éticos do Evangelho, e pela fé que recebi de minha mãe, reafirmar minha posição em defesa da vida em todos os seus aspectos e em todo o seu alcance. Os debates que a sociedade brasileira realiza, em sua pluralidade cultural e religiosa, são acompanhados e estimulados pelo nosso governo, que, no entanto, não tomará nenhuma iniciativa que contradiga os princípios cristãos, como expressamente mencionei quando tive a honra de receber a direção da CNBB no Palácio do Planalto."

A decepção entre os que lutam pela liberação do aborto em nosso país foi tanta que o colunista Xico Vargas, escrevendo para a revista eletrônica "No Mínimo", relatava um telefonema da Ministra Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, à então deputada Jandira Feghali. O colunista, em um artigo de tom acusatório à Igreja, escreve sobre a voz embargada da ministra em conversa com a deputada. A ministra estava decepcionada, sentia-se derrotada em sua luta.

Para a ministra, aquilo era hipocrisia, presidente.

Mas... No dia 27 de setembro do mesmo ano, menos de 2 meses após enviar carta a Dom Geraldo Majella afirmando seus "princípios cristãos" e sua "identificação com o Evangelho", o presidente Lula deu aval à Ministra Nilcéia Freire para que entregasse a proposta elaborada pela Comissão Tripartite para a descriminalização do aborto.

Naquele momento, presidente, os bispos brasileiros souberam o que era hipocrisia.

Durante o ano de 2006, ano eleitoral, o tema do aborto ficou de lado. Apesar disto, no final do mês de abril, entre as diretrizes a serem seguidas em caso de Lula ser reeleito, estava a descriminalização do aborto. Nenhuma surpresa quanto a isto... Porém, em seu "Programa Setorial para as Mulheres", no qual estavam listadas as propostas para o mandato de 2007 a 2010, curiosamente a palavra aborto é referida apenas por 2 vezes em todo o documento. E, destas 2 vezes, em nenhuma é feita referência à descriminalização do aborto.

Ao lerem o seu Programa de Governo, presidente, seus correligionários souberam o que era hipocrisia.

Passadas as eleições, nas quais o aborto de forma alguma foi tema de relevância, e passados os primeiros percalços e escolha do ministério, o novo governo resolveu começar a governar. Como dito acima, apesar de em seu programa de governo não constar qualquer referência à descriminalização do aborto, no dia 28/03/2007 o Ministro da Saúde veio a público defender a idéia da liberação do aborto. O presidente Lula não o desautorizou, não o destituiu do cargo e nem enviou carta a algum bispo reafirmando seus "princípios cristãos" e sua "identificação com o Evangelho".

Para os eleitores, presidente, isto é hipocrisia.

Em contraste a essas indas e vindas características dos hipócritas, na Doutrina Católica podemos ler:

-- "(...) Não matarás criança por aborto nem criança já nascida." - Didaqué - primeiro Catecismo Católico, datado entre os anos de 90 a 100.

-- "[A vida] deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis." - Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 1965.

-- "O Magistério (...) reafirma de maneira constante a condenação moral de qualquer aborto provocado. Este ensinamento não mudou e é imutável." - Congregação para Doutrina da Fé - Instrução sobre o respeito à vida humana recente e a dignidade da procriação, 1987.

-- "2270. A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta desde o momento da concepção." - Catecismo da Igreja Católica, 1992.

-- "Dentre todos os crimes que o homem pode realizar contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam particularmente grave e abjurável." - Encíclica Evangelium Vitae, 1995.

-- "A Tradição cristã (...) é clara e unânime, desde as suas origens até aos nossos dias, em classificar o aborto como desordem moral particularmente grave." - Encíclica Evangelium Vitae, 1995.


Isto, presidente, é coerência. É como Dom Rafael Llano Cifuentes escreveu: " Não somos hipócritas. Nem o fomos. Nem o seremos. Somos coerentes."

Também coerente com sua Fé foi São Policarpo. No ano de 156, ante a insistência para que renegasse Jesus Cristo, o Bispo de Esmirna assim respondeu:

"Faz 86 anos que sirvo a Deus e nunca Ele me fez mal algum. Como poderia blasfemar o meu Redentor?"

Por esta firmeza demonstrada ante o perigo iminente, o santo bispo sofreu o martírio.

Isto é manter os "princípios cristãos". Isto é "identificar-se com o Evangelho". Isto é coerência, presidente.

E agora podemos perguntar: quem é hipócrita, presidente?

segunda-feira, março 26, 2007

Dimenstein novamente...

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O jornalista Gilberto Dimenstein é um mestre. Mestre da empulhação, mestre do pensamento politicamente correto nacional, mestre de um jornalismo que há muito deixou de querer se basear em fatos e partiu, de cara limpa, para implantar a agenda e servir aos interesses de uma patota que se espalha em várias frentes do governo, da mídia e do ambiente cultural nacional.

É do jogo democrático que um indivíduo venha expressar suas opiniões. A seriedade com que estas serão acolhidas segue a mesma proporção em que elas são baseadas em fatos e em um raciocínio correto. A seriedade com que as opiniões de Dimenstein devem ser encaradas aproxima-se cada vez mais de zero. Talvez ele se preste mais para discorrer sobre o crescimento da demanda de aulas particulares de Mandarim ou sobre a invenção de um banheiro inteligente que indica quando uma pessoa bebeu além da conta. Assuntos deste tipo são abordados por ele em sua participação na Rádio CBN. Há quem goste...

Espera-se mais de um jornalista que chegou em sua posição, mas há quem aceite uma dose diária de futilidades e Dimenstein está aí mesmo para prover estas e outras necessidades.

Vez por outra, Dimenstein se mete também a querer encarar coisas sérias. Não sei se o jornalista perdeu a mão ou se nunca a teve, mas o fato é que ele vai mal quando sai de sua zona de conforto, que é a de notícias sobre aulas de Mandarim e de novidades sobre urinol. Vai ver que é por isto que ele se sentiu bem à vontade ao chamar o governador do RJ, Sérgio Cabral Filho, de "corajoso" apenas porque este tenta trazer ao debate o tema da liberação do aborto como uma das formas de encarar o problema da criminalidade.

Deixando de lado que o aborto é uma das formas mais baixas de covardia -- daí o absurdo em utilizar a palavra "coragem" -- tanto o jornalista quanto o governador parecem que andaram lendo o best-seller de Stephen Levitt, Freakonomics. Neste livro o professor Levitt pretendeu provar que a legalização do aborto foi uma das causas da queda da criminalidade nos E.U.A. Teve gente por aí que acreditou em tudo o que Levitt escreveu, provavelmente foi o que aconteceu com o governador e o jornalista. Tem gente que nem mesmo leu o que Levitt escreveu mas que acredita assim mesmo, pois, afinal de contas, ajuda na causa da liberação do aborto.

Quem leu ou quem não leu o que o professor Levitt escreveu devia tratar de fazer o trabalho completo, tentar se aprofundar um pouco mais na questão. Tivessem feito isto, poderiam saber que a tese de Levitt está muito longe de ser uma unamidade no ambiente acadêmico dos E.U.A. Lá, até mesmo a metodologia utilizada por Levitt para chegar a tais conclusões são bem criticadas.

Mas esta questão sobre aborto x criminalidade é um outro debate... O fato novo é Dimenstein dar declarações sobre a posição da Igreja em relação ao assunto. Em pequeno texto publicado na Folha online (clique aqui), o jornalista conseguiu a façanha de, em 3 pequenos parágrafos, juntar falta de conhecimento tanto sobre a Igreja quanto sobre assuntos relacionados ao problemas do aborto. É preciso muita experiência jornalística para em tão pouco espaço mostrar a forma como um assunto NÃO deve ser abordado. Mas... É Dimenstein quem faz parte do conselho editorial da Folha de São Paulo. Pior para o jornal...

Em relação à Igreja, o jornalista achou por bem começar seu curto texto alegando que a Igreja tem mesmo razão ao rejeitar o título de hipocrisia com que o presidente maliciosamente se referiu àqueles que lutam contra o aborto. O jornalista disse que a posição da Igreja é "coerente e deve ser respeitada", alegando que esta se baseia em "valores e crença em princípios religiosos".

Aqui, Dimenstein parece preparar o caminho para a alegação de que a posição da Igreja sobre este assunto é correta apenas para católicos. O jornalista demonstra apenas desconhecimento sobre a real posição da Igreja sobre este assunto.

A posição da Igreja, em primeiro lugar, proíbe o aborto porque este fere um direito que é fundamental a todos os seres humanos, o direito à vida. Independe se os pais são católicos, judeus, muçulmanos, espíritas ou mesmo sem religião ou ateus. É tática conhecida nos meios favoráveis ao aborto querer esvaziar o conteúdo da posição da Igreja dizendo que esta, se correta fosse, só o seria para os fiéis católicos. Não. O aborto, para um católico, adquire proporções maiores devido a explicitar uma desobediência a diretrizes claríssimas da Igreja, mas o erro do ato vale para qualquer ser humano.

No mesmo parágrafo em que espertamente defende a coerência da Igreja, o jornalista escreveu que a Igreja se defendeu alegando que "estímulo a métodos contraceptivos entre os jovens estimularia a permissividade sexual". Apenas isto? Não cabia, por parte do jornalista, alguma análise sobre uma tal alegação partindo da CNBB? Aliás, o que a CNBB realmente declarou pode ser lido aqui. Lá poderemos ver que o contexto correto em que a rejeição aos métodos artificiais de controle da natalidade se encaixa.

O jornalista faria melhor se tentasse analisar ou, quem sabe, contra-argumentar sobre a declaração da CNBB. Mas Gilbeto Dimenstein sente-se bem mais à vontade escrevendo textos curtos de 3 pequenos parágrafos, nos quais os fatos nem de passagem são tratados, do que partir para qualquer análise mais aprofundada, pois, ao final das contas, o que vale mesmo é que ele se posicione ao lado de sua patota.

Ficando ao lado de sua turminha e evitando ir mais fundo no tema, Dimenstein desvia de tentar falar algo contra a posição da CNBB. Ele evita ter de explicar que uma máquina de camisinhas nas escolas, disponibilizando preservativos para crianças e adolescentes, em nada estimularia uma precoce iniciação ou uma intensificação da vida sexual entre adolescentes e pré-adolescentes. Ele evita de ter de explicar que tal ambiente não é propício ao aumento da gravidez entre adolescentes. Ele evita ter de explicar o individualismo que vai agigantando-se na sociedade, em que cada um preocupa-se com seu próprio prazer e nada mais.

Ele, mestre da dissimulação, escreve que "como o catolicismo deve encarar métodos contraceptivos é um problema dos católicos". Hummmm... Não é, não. Como encarar os preservativos é um problema da sociedade como um todo e os católicos, como parte desta sociedade, têm total direito de participar do debate. A não ser que o jornalista ache que os católicos, devido ao simples fato de serem católicos, devem ser excluídos de tais discussões. Creio que ele não chegaria a tanto, apesar que isto não me causaria surpresa, pois em caso relativamente recente, na composição da famosa Comissão Tripartite, aquela que recomendou a revisão dos artigos Código Penal relacionados ao crime de aborto (surpresa!!!), a CNBB foi excluída exatamente por ser um órgão composto por religiosos, mas a alegação foi a de que em um Estado laico não pegava bem dar voz à CNBB.

Outro problema foi o jornalista referir-se à "cúpula da Igreja"... É uma outras destas táticas que foram produzidas com o passar do tempo e na qual tenta-se desqualificar qualquer posição tomada pela Igreja como se esta fosse apenas a posição de uma parte do clero, geralmente a parte mais ortodoxa. Tenta-se opor o clero aos fiéis leigos como forma de criar divisões e confusão no seio da Igreja. Infelizmente, há os que caem nestas armadilhas, mas a posição da Igreja, que é Una, permanece a mesma.

Mas o pior do artigozinho de Dimenstein estava guardado para o final. Apesar de tanta dissimulação, em texto tão pequeno não há como diluir e esconder certas intenções.

Dimenstein escreve que o problema "é o Estado, laico, aceitar pressupostos religiosos que orientam políticas públicas". Faltou o jornalista explicar onde a Igreja defende que seus pressupostos religiosos sejam tomados como base para o Estado laico. Teria ele alguma fonte para citar? Faltou vontade, capacidade ou espaço no artigo para trazer algum dado mais concreto? Se ele tem o direito de expressar uma opinião -- e tem mesmo este direito, e é bom que assim seja --, só não espere que todos o levem a sério apenas porque ele é do conselho editorial da Folha de São Paulo.

O grande problema não é o Estado aceitar "pressupostos religiosos" em suas políticas públicas, pois em um Estado laico a posição frente às crenças religiosas não é de afastamento, mas, sim, de neutralidade frente tanto aos crentes e não-crentes quanto aos crentes de várias denominações. Rejeitar alguma posição vinda de ambientes religiosos sob a alegação de que o Estado é laico equivale a uma forma velada de discriminação. Este é o grande problema.

Em seguida, Dimenstein, sempre compreensivo, diz entender que entende que padres e bispos se posicionem contrários ao preservativo, apesar de considerá-los retrógrados. Fora, novamente, tentar utilizar a tática batida de opor a hierarquia aos leigos ("padres e bispos"), o jornalista dá um salto e põe o rótulo de retrógrados aos "padres e bispos". Ok... É uma opinião. Assim como eu tenho o direito de achar seu texto de um primarismo completamente incompatível com sua posição na imprensa brasileira, ele tem o direito de rotular certas posições. Mais uma vez: só não espere ser levado a sério deste modo.

Quem seriam os "progressistas" então? Nem precisa muito raciocínio para sabermos que os tais "progressistas" fatalmente são aqueles que compartilham dos ideais da patota. Rotular alguém é tão mais fácil que ao menos procurar entender certas posições, não é mesmo? Para o jornalista, quem é a favor do preservativo é "de esquerda", "progressista"; quem é contra, "de direita", "conservador". Simples assim. Este é discurso do clubinho, da panelinha, da patota, levado ao seu último grau. "Progressista" para este pessoal é quem adere aos valores da patota, o resto é apenas o resto.

Na verdade, os de fora da patota nem mesmo merecem um discurso coerente...

Dimenstein, alegando sua ascendência judaica, em certo momento diz que acha erradas certas posições dos judeus ortodoxos, mas que "não será ninguém de fora do judaísmo que dirá como devem se comportar os rabinos (...)". Ué? Pega mal botar o rótulo de "retrógrados" aos judeus ortodoxos? Então é mais ou menos assim: judeus ortodoxos estão no máximo errados, em sua opinião de judeu; já os católicos ortodoxos e fiéis ao Papa são é retrógrados mesmo? Esta última opinião foi dada como o que? Judeu? Jornalista? Torcedor do Palmeiras? Taurino?

Ele se acha no direito de meter a colher em qualquer assunto em que a Igreja Católica se envolva, mas começa a gritar quando alguém de fora expressa alguma opinião sobre o judaísmo? Que um católico não force a barra em assuntos relacionados ao judaísmo e vice-versa é mais do que normal, é até mesmo desejável. O problema é que Dimenstein não quer opiniões de fora quando o judaísmo está em questão e, quando o catolicismo está em pauta, ele quer é rotular. O erro de Dimenstein está no fato de que ele quer relegar às religiões um papel secundário devido ao mantra cada vez mais atual do tal "Estado laico". Em nome do Estado laico, o que vemos atualmente é pura discriminação contra quem demonstra sua crença.

Logo depois, Dimenstein termina seu pequenino texto com uma pérola: "Mas que até agora o planejamento familiar tenha sido tão tímido por causa da Igreja Católica é uma irresponsabilidade coletiva --e, na minha opinião, isso sim é um crime contra a vida."

Ok. Nova opinião... É seu direito. Agora, dizer que o planejamento familiar no Brasil é tímido é um atentado contra qualquer fato do mundo real. Será que o jornalista poderia trazer alguns dados que fundamentam suas afirmações? Outra vez, o que falta? Capacidade, vontade ou espaço?

O planejamento familiar que ele chama de "tímido" devido à ação da Igreja foi o responsável pelo altíssimo índice de esterilizações na população feminina em idade fértil ocorrido no Brasil. Tanta "timidez" fez também o Brasil tornar-se uma nação com um índice de envelhecimento acelerado da população, o que pode ocasionar em médio prazo problemas de toda ordem. É a "timidez" que causa a ampla utilização de pílulas anticoncepcionais por parte de mulheres cada vez mais jovens.
O jornalista, faria bem melhor, bem mesmo, se trouxesse algum dado que indique que o Brasil tem um baixíssimo índice de esterilização, ou então que a pílula é proibida devida à ação da Igreja, ou ainda que a população está tornando-se cada vez mais jovem devido ao número excessivo de nascimentos. Onde estão os fatos, jornalista? Ou será que eles não mais importam? Vale qualquer coisa para agradar a patota, não é mesmo?

Por fim, sua opinião sobre o que é um "crime contra a vida" vale de nada. E é aqui que a falta de seriedade com que deve ser encarado este ínfimo texto mais se torna clara. Não há um dado, um sequer, que sustente sua tese de que o planejamento familiar é tímido no Brasil devido a uma ação da Igreja. Dimenstein fala em "irresponsabilidade coletiva", mas sua irresponsabilidade individual é a de, como jornalista, querer basear suas opiniões em coisa nenhuma, apenas em suas vontades, apenas no desejo de querer que suas opiniões, que beiram o preconceito puro, prevaleçam sobre as dos demais.

Que Dimenstein trilhe seu caminho, só não queira ser levado a sério...

sábado, março 24, 2007

Coragem e coragem

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Em recente artigo publicado na Folha Online (clique aqui), o jornalista Gilberto Dimenstein chamou o governador do RJ, Sérgio Cabral Filho, de "corajoso". Segundo o jornalista, a "coragem" do governador veio do fato de que este trouxe à tona os delicados temas da liberação do aborto e das drogas como um dos elementos do combate à criminalidade. Tudo isto seguiu-se ao brutal assassinato do menino João Hélio, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro.

Pois bem... Dimenstein, este símbolo do pensamento politicamente correto da imprensa brasileira, poderia deixar claro sobre o significado da palavra "coragem" ao qual ele se refere. Da forma como está, fica parecendo que o governador é um bravo e destemido cavaleiro, que luta contra as forças do mal que cismam em puxar para trás este Brasil varonil.

O Dicionário Aurélio dá 4 significados possíveis para a palavra "coragem", ei-los:

1.Bravura em face do perigo.
2.Intrepidez, ousadia.
3.Resolução, franqueza, desembaraço.
4.Perseverança, constância, firmeza.

Em qual destes casos o governador se encaixa? Vejamos...

Acaso poderíamos dizer que o governador é um bravo diante do perigo? De qual perigo estamos falando? Do perigo de um embrião desenvolver-se de forma natural e vir a ser um cidadão como qualquer um de nós? Ou será que talvez o governador ache que o embrião é o prenúncio de um futuro criminoso e é necessário dar o direito a que alguém possa eliminá-lo o quanto antes?

Pode ser que o governador esteja na verdade sendo bravo frente ao perigo da criminalidade, que corre à solta no RJ. Será mesmo? Por que então o governador não pára de dar declarações ridículas que têm a finalidade de agradar a certos grupos e vai trabalhar para dar um jeito na polícia do Estado a que ele se propôs governar? Isto seria muito mais eficiente do que, frente ao gravíssimo problema de Segurança Pública, o governador venha a público dar declarações que apenas servem para pavimentar seu futuro político junto a certa parte do eleitorado e dos formadores de opinião.

Continuando...

Será, então, que o governador foi intrépido? Ousado? Difícil acreditar nisto também... Por que só agora Sérgio Cabral vem a público dar tais declarações? Por que ele não teve esta mesma "ousadia" durante as recentes eleições? Onde está a intrepidez, caro jornalista? Onde a ousadia? Fosse ele corajoso mesmo, não seria de esperar que Sérgio Cabral viesse a público durante as eleições e deixasse bem claro o que pensa? Aliás, por que o governador não vem logo a público e diz se é ou não a favor do aborto? Sem meias-palavras tais como "direitos reprodutivos" ou "direito de escolha", por favor. Coragem mesmo: "sou a favor de que uma mãe tenha o direito de eliminar a vida do filho que está em seu ventre". Eu chamo a isto de covardia, das mais baixas a que se pode prestar um ser humano, mas pelo visto tem gente que quer chamar a isto de "coragem". Pois então que venha a público mostrar toda esta intrepidez, ousadia.

Ah... Mas alguém pode vir e dizer: "Ao menos reconheça que o governador foi franco no que disse."

Será mesmo? O timing das declarações do governador indicam, para mim, um frio cálculo político. A verdade é a seguinte: Sérgio Cabral é uma nulidade política. Tipos políticos como ele têm amplo espaço na cena política nacional, principalmente no RJ. Sérgio Cabral é calculista o quanto lhe for necessário para alcançar seus objetivos. Ele soube ficar quietinho em seu canto para não contrariar o casal Garotinho, outro símbolo de tudo o que há de ruim na política do RJ.

Sérgio Cabral só começou a mostrar-se independente de seu companheiro de partido quando ficou claro que sua eleição estava praticamente garantida. Enquanto lhe foi conveniente, nenhuma declaração contrária ao antigo governador podia ser ouvida de sua boca. Isto é que é franqueza!

Pois bem... Afinal de contas, de qual significado de "coragem" estava Gilberto Dimenstein a se referir quando carimbou este adjetivo no governador?

A resposta é simples: nenhum destes. O que o jornalista fez é torcer o significado da palavra até que este encaixasse bem em sua agenda. De quebra, o jornalista gostaria de pegar uma carona na "coragem" do governador e ser ele, também, um "corajoso". Mais ou menos assim: Sérgio Cabral seria o destemido da política e ele, Dimenstein, o intrépido da imprensa.

Dimenstein está seguindo a trilha que muitos jornalistas atualmente seguem no Brasil: é o jornalismo "para a galera". O objetivo deste tipo de jornalismo não é colher fatos e relatá-los, é agradar a um determinado tipo de público, é mostrar-se "progressista", "moderno". É, digamos assim, um jornalismo que quer ser amado, um jornalismo carente, que se apraz recebendo afagos daqueles que são o seu público, e que retribui tanto amor dando abordagem a certos temas exatamente no tom que tais grupos desejam.

É nesse ambiente que um Sérgio Cabral falando de aborto é tratado como corajoso, mesmo que esta palavra jamais possa ser aplicada ao ato do governador. Mas de que importa isto? Afinal, o importante é que a patota seja bem servida.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Ainda sobre o debate Tamar-Matar: comentários sobre um comentário infeliz

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Passado já mais de 1 ano do célebre artigo do Dr. Cícero Harada, “O Projeto Matar e o Projeto Tamar: o Aborto” , ainda podemos ver as opiniões e comentários os mais absurdos sobre o texto. Não bastasse a socióloga Heleieth Saffioti e umas tantas advogadas de SP terem se mostrado incompetentes ao extremo para contra-argumentar de uma forma aceitável, podemos ver que estas não ficaram solitárias em suas medíocres tentativas de defender o indefensável.

Fazendo uma revisão na listagem de páginas que noticiaram o debate e que tenho armazenadas, pude colher um interessante comentário escrito pela Dra. Andréa Planas, que se descreve como "Diretora Centro de Estudos em Bioética e Direito SP", escrito na área de comentários do site do Projeto Ghente, site que foi dos vários que publicaram os textos do debate iniciado a partir do artigo escrito pelo Dr. Cícero Harada.

O comentário da doutora segue em vermelho e pode ser lido no original, clicando-se aqui. Meus comentários vão em azul.

***

Realmente nós não somos tartarugas Doutor...Infelizmente!

Bem... Talvez a Dra. Planas necessite ler novamente o texto do Dr. Harada, pois em momento algum ele compara mulheres a tartarugas. Na verdade, a doutora nem precisa ler novamente o texto, pois é óbvio que ela o leu, mas faz questão de não entendê-lo. Poderia lê-lo milhares de vezes e ainda assim se faria de desentendida, pois é muito mais fácil jogar uma retórica vazia do que explicar o absurdo de viver em um país no qual tramita no parlamento um Projeto de Lei que quer liberar que fetos e embriões possam ser eliminados a qualquer momento, enquanto existem leis outras que preservam ovos de tartarugas.

Tartarugas se reproduzem por instinto, não vão necessitar de proteção, alimentação regrada, aconchego, um teto, trocas de fraldas,uma mãe, pai ou "alguém" que as cuide e guarde por no mínimo 16 anos até que estejam aptas a seguir em frente sós, mas fortes e independentes, pois foram desejadas e amadas nestes anos de apoio familiar.

Um "ser humano" não é mesmo uma tartaruguinha que nasce e já sai correndo para o mar pois sabe que disto depende sua sobrevivência.

O "ser humano bebê" nasce prematuro: sem dentes, sem poder andar, sem defesa alguma, dependente ao extremo de outro "ser humano", que pode ser a mãe, pai ou qualquer pessoa que queira cuidá-lo pois ele necessitará de cuidados e mais cuidados por no mínimo 4 anos para "sobreviver"!

Pois é... Entre os seres humanos (sem aspas, doutora) não é apresentado um índice de mortalidade como entre as tartarugas marinhas, apenas 1 ou 2 conseguirão atingir a maturidade de cada 1000 nascidas. Por que este índice de mortalidade é tão alto? Exatamente porque não há a figura materna ou paterna no caso das tartarugas. Se houvesse, provavelmente não teríamos um Projeto Tamar aqui no Brasil, pois as tartaruguinhas teriam sua sobrevivência bem mais facilitada.

Um bebê não sai engatinhando da maternidade procurando abrigo na primeira casa que encontre, necessita de cuidados. Infelizmente, parece que existem pessoas que pensam que esta condição humana é pretexto para que uma mãe (e um pai) possa escolher entre dar o filho à luz ou jogá-lo na lixeira. Talvez para certo tipo de pessoas seria melhor se nós humanos pudéssemos jogar nossos filhos em uma praia e deixá-los seguirem com suas vidas.

Interessante a “sólida” argumentação da Dra. Planas: ela traz um dado da real condição humana como um fato para que uma mãe possa decidir se dará ou não seu filho à luz.

Costumo dizer que passamos nossa vida de mãe tentando manter nossos filhos VIVOS. E esta nossa missão é eterna.

Filhos, ao contrário das tartarugas, são uma responsabilidade eterna de quem os ama e cria.

É uma relação que só termina com a morte de um dos dois, do filho ou da mãe.

Um filho não planejado é primeiro rejeitado pela Mãe, ou pelo Pai (que geralmente some assustado pela responsabilidade dura que é criar verdadeiramente um filho, ou pior, para não pagar a conta emocional , física e financeira que surge com o filho) ou por ambos, e mais tarde será rejeitado pela sociedade.Assim surgem os meninos de rua.Centenas (milhares) de crianças no Brasil que antes de largarem as mamadeiras já se encontram usadas nos faróis ou preferem as ruas aos lares violentos onde nasceram.

Calma lá, doutora! Existem muitos filhos que a senhora chama de “não planejados” que não são rejeitados por seus pais. Filhos vêm ao mundo em circunstâncias as mais variadas. Existem aqueles que vêm ao mundo por chantagem emocional da mãe ou do pai; existem aqueles que chegam como temporões, uma agradável surpresa para um casal que já não mais esperava filhos; outros chegam após uma violência sexual, etc. Uns são rejeitados por seus pais, outros não. Sabe o que cada uma destas crianças tem em comum entre si, cara doutora? Todos são seres humanos (note bem, sem aspas), todos devem ter preservadas as suas vidas.

Saber se uma criança irá ou não terminar na ruas de nosso país, independentemente da situação em que venha à luz, é coisa que não cabe bem a uma advogada especular, a não ser que os livros de Direito sejam substituídos por bolas-de-cristal ou mapas-astrais ou similares.

Se não cuidamos dos "seres humanos VIVOS" vamos ser hipócritas de forçarmos uma mulher a ter um filho que ela não deseja alegando a defesa ao Direito à VIDA?! QUE VIDA SERÁ ESTA?!

Esta vida, doutora, será uma vida exatamente como a da senhora. Será uma vida que terá começo; terá seu meio, com tristezas e com alegrias; e terá seu fim naturalmente, desde que não existam aqueles que lhe queiram tirar este direito fundamental ao viver baseado em parâmetros fictícios que contam as semanas de uma gestação não para saber quantas semanas de vida tem um feto ou embrião, mas para saber até quando podem dar cabo daquela pequenina e frágil vida.

Quer dizer então, doutora, que se não cuidamos dos nossos “seres humanos VIVOS” (por que as aspas, doutora???) temos o direito de terminarmos com gestações, de abortar? É isto mesmo? Chegará o momento em que teremos o “direito” (note as aspas, doutora) de assassinar?

Aliás, quem são os tais “seres humanos VIVOS” (por que as aspas, doutora???) ? A senhora quer dizer que os vivos são os que estão fora do ventre da mãe? A senhora por acaso já viu uma gestação de um “ser humano MORTO” evoluir (atenção para as aspas, doutora)?

Vida sem amor, sem carinho, sem comida, sem um teto ao menos, sem perspectivas nenhuma de evolução, estudo,.... pois o Estado e a Sociedade se omite de ajudá-las após defenderem seu nascimento?!

Quer dizer então, doutora, que a medida para a senhora reconhecer se uma vida vale ou não a pena ser vivida é a quantidade de amor, de carinho? De comida também?? Perspectiva de estudo? Hummm... Será então que quem come mais pode se dizer mais vivo que um, digamos, faquir? Ou será que quem leu 1000 livros em sua vida podemos dizer que é mais vivo que quem não os leu? Música também vale? Se alguém gosta de música clássica, ele está mais ou menos vivo do que alguém que gosta de samba?

Sim, o Estado se omite em ajudá-las, a senhora está certíssima. Devemos então exigir que este mesmo Estado nos deixe matá-las? Mas não seria o mais lógico exigir que o Estado faça sua parte e ajude aqueles que necessitem? Não seria mais justo também, doutora? Ou seja, a doutora acusa o Estado de omissão - no que concordamos -, mas acha que o Estado não deve deixar de se omitir, desde que permita que um aborto seja feito? Interessante raciocínio...

Ser a "favor da vida" no papel é fácil! Eu assim também sou.

Que a senhora é favorável à vida apenas no papel já está mais do que claro...

Mas pegar cada criança que nasce e é abandonada ou sofre maltratos dos pais e parentes e levar para casa, assumir sua educação, dar-lhe carinho e aconchego verdadeiros, quantos fazem isto?!

Ué?? Mas não foi a senhora que logo atrás deixou de se importar com a omissão do Estado? Ou seja, a senhora não se importa com a omissão do Estado, desde que este libere o aborto, mas “passa pito” nos que não ajudam a exemplo do que faz o Estado?

Todos fazem campanha para que as mães não abortem, mas quantos as apoiam após o parto pelos primeiros meses e anos estressantes e doloridos pelos quais todas as MÃES passam. Quantos acompanham estas crianças até o ensino médio, oferecendo remédios, cadernos, livros, ou ao menos uma mesada simbólica para esta criança que seria abortada tivesse o mínimo de DIGNIDADE em sua VIDA!

Cara doutora, muitos fazem isto... Talvez a senhora não saiba ou nem queira saber. O Estado poderia também fazer melhor a sua parte, mas são discursos como este da senhora e de tantos outros “defensores” das mulheres, omitindo-se de cobrar que o Estado faça o que lhe é devido e preferindo esforçar-se muito mais para que o Estado libere o aborto do que para que este mesmo Estado dê condições a estas mulheres e homens (estes são os PAIS, doutora) para que criem seus filhos.

Por que "vida" até uma folha de árvore tem, mas uma vida DIGNA é o que diferencia os humanos dos animais.

Interessante a medida de dignidade de vida que a doutora tem: a vida é digna desde que esta siga os parâmetros da advogada... Cara doutora, a dignidade da vida humana tem início desde seu começo. Quando esta começa? Na concepção! Acha que não? Discorda? Então faça o favor de dizer em qual momento mágico o fruto da concepção ganha a vida.

Do jeito que vai este discurso, doutora, parece que a dignidade está ficando limitada aos que chegam à faculdade ou aos que comem iogurte toda semana.

A vida é digna em si mesma e o aborto é um atentado direto a esta dignidade!

Quando todos adotarmos cada criança indesejada, as cuidarmos por 16 anos e as provermos do mínimo que um ser humano necessita para ser chamado de SER humano, eu vou discutir com o Sr o direito da mulher decidir se tem ou não seu filho.

Sinceramente... Já tive contato com argumentos pró-aborto os mais estapafúrdios, mas isto de só se permitir discutir sobre o aborto a quem é pai ou mãe adotivo de uma criança indesejada foge completamente à normalidade.

Se eu quisesse também partir para uma retórica vazia como esta, eu poderia bem dizer: “só vou discutir o aborto com a senhora quando todas as mulheres que procuram esta hedionda prática realmente não tiverem condições de criar seus filhos”. Esta frase é tão vazia quanto a da doutora.

Cara doutora, o mínimo que um ser humano (finalmente a senhora escreveu isto sem aspas!!) necessita para ser chamado de ser humano é que sua vida não lhe seja tirada. É impressionante que existam aqueles que desejam exatamente que isto lhes seja negado.

Pois como é hoje só a vida da mulher gestante e de seu filho indesejado é destruída quando uma criança surge sem planejamento. A platéia só sabe julgar e condenar, mas agir e ajudar nunca.

Mais uma vez, doutora: o Estado poderia ser pressionado a fazer a sua parte, mas, infelizmente, existem aqueles que preferem lutar para que o aborto seja liberado. Agem muito, mas ajudam bem pouco...

Deus disse: Não julgareis e é isto que faço quando vejo o nosso país com uma taxa de 900 mil a HUM MILHÃO de abotamentos clandestinos por ano!

Hummm... Ok. O Deus Único também disse: “Não matarás”. Então, a não ser que alguém prove que o que está no ventre das mães está já morto, o aborto é sempre errado. Pega mal utilizar certas palavras da Bíblia para o que nos interessa e convenientemente esquecer de outras, não é mesmo?

E várias autoridades vêm pregar estas "verdades" como se abortamentos deste tipo já não fossem realidade no Brasil...

O resultado desta taxa horripilante de abortamentos são não só as pequenas vítimas que não chegam a nascer, mas filhas, mães e avós mortas, doentes, inférteis e outras seqüelas mais incomensuráveis pois existe um verdadeiro arsenal de acougueiros militando nesta área e contra eles o MP e o Judiciário nada faz. Mas contra as mulheres que abortam...haja militantes...

A solução para esta situação horripilante é acabar com esta horrível prática. É uma utopia? Pode ser... Mas prefiro ter esperança em uma utopia que procura preservar todas as vidas do que ser um conformista que busca o caminho que é mais fácil.

Sabe por que o MP e o Judiciário nada fazem? Porque não há quem denuncie os tais açougueiros (existem açougueiras também, doutora). Por que as inúmeras ONGs que cuidam dos “direitos reprodutivos” não denunciam os locais que fazem abortos clandestinos, onde tantas mulheres adquirem seqüenlas ou chegam a morrer? Por dois motivos: a) não querem que um “estabelecimento” destes seja fechado; b) se mais mulheres não morrerem, de que estas ONGs viverão, como sobreviverão seus discursos afinados?

"Haja militantes contra mulheres que abortam?" Primeiro, há militantes contra o aborto, e não contra mulheres que abortam. Segundo, a advogada deve estar brincando! Por acaso a doutora lê jornais? Revistas? Pode até mesmo ser uma revista feminina, de moda... Acaso a doutora já procurou os sites das ONGs de “direitos reprodutivos”? Já tentou saber a origem e quantidade do aporte financeiro de tais instituições? Já procurou saber a quantidade de acadêmicos que se dedicam à causa pró-aborto? Já procurou saber quando foi publicada na grande mídia a última reportagem pró-vida? É mais fácil mascarar a verdade, não é mesmo?

Há ainda aqueles que dizem: BEM FEITO que morreram ou adoeceram...Há realmente "gente", que se auto intitula "ser humano" de todo tipo.

Ouso dizer que toda família brasileira tem uma mulher em seu seio que já fez aborto, mas a hipocrisia é a regra.

"O inferno são os outros".

Não sou a favor do aborto, nem nunca serei.

Cara doutora, se a senhora não é contra o aborto, então é a favor. Simples assim. Como não existe meio-filho, também não existe meio-aborto.

Mas negar que ele já é um fato no Brasil , que mulheres "pobres" morrem todos os dias como conseqüência deles e tirar da mulher o direito de decidir sobre sua vida reprodutiva é, neste país injusto e cruel, uma injustiça maior ainda.

A violência também é um fato no Brasil e também causa inúmeras mortes diariamente. E aí, o que devemos fazer? Aceitar o fato e virar as costas e talvez solicitar ao Estado umas “clínicas de assalto” ou devemos lutar contra esta situação?

Doutora, a decisão da mulher sobre sua vida reprodutiva vai até o momento da concepção. A partir deste momento, havendo uma vida, a mãe de forma nenhuma tem o “direito” de dar cabo desta.

Injustiça, cara advogada, é uma criança morrer por vontade de sua mãe porque esta não quer perder o namorado, ou porque não pode perder o semestre na faculdade. Injustiça é um pai pressionar sua companheira para que ela aborte porque ele não quer arcar com suas responsabilidades. Injustiça é acharmos inúmeras ONGs que fazem lobby pelo aborto alegando que ajudam as mulheres pobres, mas quase não achamos ONGs que queiram ajudar as mesmas mulheres pobres que queiram ter seus filhos.

A liberação do aborto contribui em nada para a solução das injustiças, só as perpetua e agrava.

Repito: Um Estado e Sociedade omissos não têm o direito de defender o nascimento de um ser humano não desejado para depois deixá-lo abandonado à própria sorte.

Pois então que lutemos para que ninguém mais seja abandonado à própria sorte e não para que este mesmo Estado e esta mesma Sociedade possam lavar as mãos e se omitirem exatamente da mesma forma, só que agora com o aval daqueles que antes denunciavam a omissão.

Embora a Pastoral da Saúde e outras entidades façam seu trabalho muito bem, estas são gotas de bálsamo em um oceano de sofrimento e desespero.

Mais do que gotas de bálsamo, são exemplos a serem seguidos, inclusive pelo Estado. Quanto antes nos dermos conta disto, haverá menos sofrimento e desespero.

Obrigada

Andréa Planas

Diretora Centro de Estudos em Bioética e Direito SP




domingo, fevereiro 11, 2007

Eis o efeito de pesquisas de células-tronco embrionárias

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-- Eu morri esperando a cura das pesquisas com embriões. E você?

-- Eu era o embrião.