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quarta-feira, abril 16, 2008

Mayana Zatz perde de lavada!

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Cena 1

Entra no palco o Dr. David A. Prentice, PhD da Universidade de Kansas, e começa a declamar em voz clara as inúmeras enfermidades nas quais já foram empregados tratamento com células-tronco adultas.

Dr. David A. Prentice - Brain Cancer, Retinoblastoma, Ovarian Cancer, Skin Cancer: Merkel Cell Carcinoma, Testicular Cancer, Tumors abdominal organs Lymphoma, Non-Hodgkin’s lymphoma, Hodgkin’s Lymphoma, Acute Lymphoblastic Leukemia, Acute Myelogenous Leukemia, Chronic Myelogenous Leukemia, Juvenile Myelomonocytic Leukemia, Chronic Myelomonocytic Leukemia, Cancer of the lymph nodes: Angioimmunoblastic Lymphadenopathy, Multiple Myeloma, Myelodysplasia, Breast Cancer, Neuroblastoma, Renal Cell Carcinoma, Various Solid Tumors, Soft Tissue Sarcoma, Ewing’s Sarcoma, Waldenstrom’s macroglobulinemia, Hemophagocytic lymphohistiocytosis, POEMS syndrome, Myelofibrosis, Diabetes Type I (Juvenile), Systemic Lupus, Sjogren’s Syndrome, Myasthenia, Autoimmune Cytopenia, Scleromyxedema, Scleroderma, Crohn’s Disease, Behcet’s Disease, Rheumatoid Arthritis, Juvenile Arthritis, Multiple Sclerosis, Polychondritis, Systemic Vasculitis, Alopecia Universalis, Buerger’s Disease, Acute Heart Damage, Chronic Coronary Artery Disease, Corneal regeneration,Severe Combined Immunodeficiency Syndrome, X-linked Lymphoproliferative Syndrome, X-linked Hyper immunoglobulin M Syndrome, Parkinson’s Disease, Spinal Cord Injury, Stroke Damage, Sickle Cell Anemia, Sideroblastic Anemia, Aplastic Anemia, Red Cell Aplasia, Amegakaryocytic Thrombocytopenia, Thalassemia, Primary Amyloidosis, Diamond Blackfan Anemia, Fanconi’s Anemia, Chronic Epstein-Barr Infection, Limb Gangrene, Surface Wound Healing, Jawbone Replacement, Skull Bone Repair, Hurler’s Syndrome, Osteogenesis Imperfecta, Krabbe Leukodystrophy, Osteopetrosis, Cerebral X-Linked Adrenoleukodystrophy, Chronic Liver Failure, Liver Cirrhosis, End-Stage Bladder Disease.

A platéia fica boquiaberta! Como pode ser isto? Como o pesquisador conseguiu falar o nome de 73 patologias em apenas um fôlego? Sim: 73 é o número de patologias nas quais já foram empregadas algum tipo de tratamento com células-tronco adultas.

A platéia, extasiada com a performance do Dr. Prentice, levanta-se e aplaude de pé por finalmente alguém vir ao palco não para apenas aparecer, mas para trazer algum conteúdo concreto sobre esta importantíssima questão.


Cena 2

Entra a Dra. Mayana Zatz, com um enorme chapéu na cabeça bem ao estilo Carmem Miranda. Sua roupa branca e esvoaçante chama a atenção de todos. Seus balangandâs balançam quando seus firmes passos cruzam o palco. Seus inúmeros colares de miçangas fazem barulho. Não há quem da platéia fique indiferente à figura da doutora! Sua maquiagem impecável apenas aumenta a admiração de todos. Seu sorrisinho enigmático deixa em todos uma expectativa, um não-sei-o-quê está no ar.

A platéia faz silêncio. Não se ouve um suspiro. Nem mesmo algum celular tocando. Nada! Todos esperam por Mayana, a diva.

Ela sente toda a atenção voltada a si, capricha mais um pouco no sorrisinho, abre a boca e...

Dra. Mayana Zatz - ...

A platéia até mesmo pára de respirar. Mayana abre mais a boca e...

Dra. Mayana Zatz - ...

Nada! Nem um som sai.

Ela enrubesce. Abre os braços como a dizer que não entende o que está acontecendo. Ouve-se um zunzunzum entre os espectadores. A tensão vai aumentando e nada de Mayana conseguir produzir algum som.

Alguém da platéia se levanta e passa um pito nos outros espectadores.

Espectador 1 - Vocês deviam ter vergonha de ficarem pressionando a doutora. Ela é famosíssima! Seu cabelo é impecável! Sua maquiagem é perfeita, parece que ela nasceu assim de tão natural que lhe cai. Seu talento é reconhecido internacionalmente!

Mas alguém o contesta.

Espectador 2 - Qual talento? Viemos aqui para ouví-la e nada sai de sua boca.

Os outros concordam entre si. Todos querem ouví-la. E agora até mesmo o espectador que lhe havia defendido. Ele é o que lhe dirige o pedido.

Espectador 1 - Fale Mayana. Mostre a todos o teu talento. Encante-nos a todos com sua ciência. Faça-nos esquecer do Dr. Prentice!

Mayana sente que chegou a sua hora. Sente os olhos de todos grudados em seu rosto perfeitamente maquiado. Ela sente sua auto-confiança mais uma vez se inflando, tomando conta de seu ser. Mentalmente, ela repete para si o que os inúmeros livros de auto-ajuda lhe ensinaram: "Você é sábia! Você é bela! Você é poderosa!".

Foi o que bastou. Ela abriu os olhos e encarou a todos. A multidão lhe esperava.

Mayana inspirou tanto ar quanto lhe foi possível, e...

Dra. Mayana Zatz - ... ... ...

Nada saiu. Nem uma palavra. Nem um pio. Nem um sussurro. Nadinha.

Pano! Rápido!

***

Esta seria a história de Mayana Zatz se ela se metesse a fazer teatro com o conteúdo do que ela tem a mostrar. Pena que o palco dela é bem outro: são os tribunais, os programas de entrevistas, as revistas de grande circulação, os grandes jornais. Todos ficam magnetizados com sua figura, com sua destreza no palco. Ela é uma baita atriz, tem boa figura, fala bem e, para arrematar, o sorrisinho condescendente dos seres superiores.

Pena que à sua personagem falta o principal: conteúdo.

Peçamos que ela indique o número de patologias nas quais já foi possível utilizar algum tipo de tratamento relacionado a células-tronco embrionárias.

Não existe. Nenhum. Zero.

Ela sabe disto. Assim como sabe que a fala do Dr. Prentice corresponde à realidade.

Mayana pode aparecer em quantas capas de revista quiser, pode dar milhões de entrevistas, pode receber prêmios mil, pode sapatear, pode dançar ou até mesmo entrar para o Cirque du Soleil que nada disto mudará o fato de que o conteúdo do que ela tem a mostrar é um saco de vento.

Mayana sabe vender como ninguém, só não entrega o produto. O Dr. Prentice entrega, e é por isto que ele dá uma lavada em Mayana Zatz. Uma lavada de 73 a 0.


terça-feira, abril 15, 2008

Não, não é tudo verdade

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A senhora Ruth de Aquino, redatora-chefe da revista Época, utiliza dados fantasiosos para tentar argumentar sobre aborto. Tentativa vã e desastrada, como de costume entre aqueles que se prestam ao papel de defender o aborto, este verdadeiro holocausto silencioso de nosso tempo.

Aos que lhe alertaram para o erro de utilizar tais dados, ela não teve dúvidas e respondeu que tais dados são, sim, uma estimativa, mas que a fonte é o próprio Ministério da Saúde e da OMS. Para ela, isto basta. Se vem do Ministério da Saúde e da OMS, para a jornalista, então deve ser verdade.

Jornalismo bem chinfirim este da senhora Ruth, pois ela nem mesmo se dá ao trabalho de checar suas fontes. Muito melhor fez a estimada Dra. Zilda Arns, coordenadora nacional da Pastoral da Criança, que entrou em contato com a OMS e soube, da própria fonte, que a OMS jamais fez tal estimativa no Brasil. Ou seja, os dados que a jornalista colocou em seu artigo sobre aborto são tão verdadeiros quanto uma nota de 3 dólares.

Na verdade, verdade mesmo, é tudo mentira.

Em casos assim, é para perguntarmos o que faltou à jornalista. Faltou tempo para pegar um telefone e checar os tais dados? Dificilmente. Imaginamos que uma redatora-chefe tenha alguma secretária ou secretário à sua disposição para fazer um trabalho tão simples como este. Faltou o que, então? Disposição? Provavelmente, pois tirar da cartola os tais mais de 1 milhão de abortos cometidos (sim, crime se comete!) e seguir a onda de ONGs abortistas é bem mais fácil que fazer um trabalho jornalístico digno de tal nome. Faltou boa vontade? Provavelmente, pois os dados inchados que ela quis utilizar em seu artigozinho serviram como uma luva em sua tentativa de argumentação.

A senhora Ruth de Aquino tomou como deixa para seu artigo a exibição de um filme sobre o aborto no Festival "É tudo verdade". Ah... A doce Zona Sul do Rio! Com seus festivais de cinema que abordam questões importantes e fazem as pessoas capazes de tudo absorver sobre uma questão em apenas 72 minutos! Uma hora e pouco de projeção seguido de um papo-cabeça e todos os lados de uma questão são pesados e o veredito está pronto: aborto é um direito! Nada como um bom filme -- nacional, é claro -- para que nossa visão de mundo seja colocada no caminho certo.

Na telona, uma menina estuprada que vai abortar. Apelação? Claro que não! A diretora queria mostrar a crueza da vida, aquela coisa orgânica, que só é totalmente compreendida pela elite cultural paulista ou pelos dândis da Zona Sul carioca. Curioso que estas mesmas pessoas foram os que chamaram o Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz de "fundamentalista", "fanático", "carola", "falso moralista" e outros adjetivos impublicáveis quando ele teve a petulância de levar ao Congresso Nacional filhos concebidos em estupros. Ué, mas isto também não é realidade? Não mesmo! Para este pessoal, a realidade é apenas aquilo que eles querem que seja.O resto é apelação de reacionários, conservadores.

Um bom jornalista denunciaria esta diferença na pesagem e na medida. A senhora Ruth de Aquino prefere calar-se e dar voz aos descolados. Afinal, eles têm uma causa. O aborto é uma causa para tais pessoas, uma causa inconseqüente, uma causa hedionda, mas uma causa. Causa errada.

Um bom jornalista não escreveria a besteira que a senhora Ruth de Aquino escreveu: "No Brasil, o aborto só é legal em casos de estupro ou risco de morte da mãe". Não, o aborto, no Brasil, jamais é legal. Há diferenças entre algo ser legal e algo não ser punido. Mas isto provavelmente não importa à jornalista, pois estes preciosismos jurídicos só atrapalham a causa, não é mesmo?

Ou seja, o artigo da senhora Ruth de Aquino é apenas um emaranhado de dados fictícios com descrições de cenas de efeito emotivo pinçadas de um filme. Não há nada de jornalismo nisto, pelo menos não de jornalismo sério.

Aos que lhe inquiriram sobre o teor do artigo e seus erros, ela escreveu declarando que sua coluna não se prestava a ser um jornalismo objetivo e nem imparcial, que era apenas a expressão de sua opinião. Ok, sem problemas, podemos partir daí.

Na verdade, a jornalista nem precisava declarar tal coisa. Os dados de seu artigo e a superficialidade com que a questão do aborto é tratada deixa bem claro a todos que a objetividade passa bem longe de seu texto. Isto é óbvio a quem a lê. Que ela é parcial, é mais do que claro. Desnecessário que ela esclareça isto também. Mas, se seu texto parte de dados fantasiosos e sua (pseudo-)argumentação é parcial, a senhora Ruth de Aquino quer mesmo ser levada a sério? E por que a levaríamos a sério? Apenas porque ela se emocionou com o drama de tantas mulheres demonstrado no filme? Ok, partamos disto também.

A única coisa que a jornalista deseja é emocionar quem a lê com as histórias deveras dramáticas de mulheres que passam pelo drama do aborto. E, aproveitando desta emoção que é trazida à tona, angariar apoio à causa do aborto. Para ela, mostrar uma menina estuprada e grávida abortando é um caminho válido para criar uma consciência abortista. Mostrar uma mulher humilde que foi denunciada por abortar e esteve algemada é também um caminho que serve à causa.

São cenas emocionantes? Com certeza que sim. E quem há de negar? Mas será que a questão do aborto será mesmo resolvida com a veiculação de imagens que causam emoção? Conhece a jornalista um filme chamado "O grito silencioso" ("The silent scream")? Merecerá ele também um artigo? Ou a cena de um feto lutando por sua vida é apelativa? E um filme como "Juno", será que merece um artigo da jornalista também? A história de uma adolescente que decide levar sua gravidez ao final é apelativa para os parâmetros da patota?

Os números agigantados e fictícios da jornalista falam em mais de 1 milhão de abortos por ano no Brasil. Segundo os números oficiais do SUS, os números totais de mortes decorrentes de todo tipo de complicações em aborto provocados foram 6, 7 e 11 em 2002, 2003 e 2004, respectivamente. Repetindo, são dados do SUS, disponíveis para consulta a qualquer pessoa com acesso à internet.

Nós, pró-vidas, lamentamos cada uma destas mortes, mortes que em sua maioria poderiam ser evitadas se a sociedade resolvesse que tais mães são dignas de serem amparadas durante a gravidez e na criação de seus filhos. Mas a fina nata da sociedade, aquela que vai a festivais de cinema na Zona Sul do Rio, só quer saber de dar o tal "direito" de cometer um crime a estas mulheres. Isto rende filmes, rende festivais, rende pontos na turma.

E será que a jornalista lamenta -- utilizando-se seus números fictícios -- os mais de 1 milhão de mortes causadas anualmente? Ou será que ela imagina que o fruto de um aborto é o que? Mas lamentar o que, não é mesmo? Se ela nem mesmo aborda o ponto principal da questão do aborto em seu artigo: que este é e sempre será a eliminação de uma vida humana.

E se algum pró-vida resolvesse fazer um filme no qual uma pilha imensa de crianças abortadas nas mais diversas fases da gravidez aparecesse? Seria muito apelativo para a patota? Causaria frisson em jornalistas? E, no entanto, tudo isto seria verdade. Uma cruel e dura verdade a que tantos querem virar o rosto. Tomando-se os números da senhora Ruth de Aquino, em 10 anos a pilha de mortos seria de fazer inveja aos carrascos de Auschwitz e Treblinka. Isto só no Brasil.

Há quem chame defender este holocausto de direito à opinião, de democracia. Eu chamo de crueldade, de covardia.