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terça-feira, maio 17, 2016

Novo ministro da Saúde, o aborto e a imprensa: estatísticas erradas e o pautamento pela militância abortista

O novo ministro da Saúde, Ricardo Barros
O portal UOL entrevistou o novo ministro da Saúde, Ricardo Barros, sobre os desafios de sua pasta após a terra arrasada deixada pelos governos petistas. Pois bem, a fala do ministro será abordada um pouco mais abaixo, mas há algo bem peculiar nesta entrevista e na forma como ela foi divulgada.

Em primeiro lugar, há o título: "Ministro da Saúde quer igrejas no debate sobre aborto". É evidente que uma tal chamada para uma entrevista em que são abordados vários assuntos relacionados à área da Saúde tem um claro objetivo de tentar chamar às armas as forças que foram recentemente afastadas do poder. 

Na citada entrevista, o ministro apenas disse que "Vamos ter de conversar com a igreja", o que é por demais óbvio, pois o aborto, bem ao contrário do que insistem alguns, é um problema bem diverso do que apenas considerá-lo um mero "problema de Saúde Pública". Mesmo entre a militância abortista o discurso de aborto como problema de Saúde Pública é coisa bem recente, que ganhou muita força durante os anos petistas, sendo que antes disso o discurso mais comum era o de que o aborto era uma questão de autonomia feminina sobre seus próprios corpos, o que ainda é comum entre as feministas mais radicais e alguns outros.

Como coincidentemente escrevi exatamente na postagem anterior aqui no blog, aborto não é problema de Saúde Pública. Quem leva tal coisa à frente tem a meta de ligar a questão do aborto a um problema que aflige a maior parte da população com a claríssima intenção de flexibilizar mentes e corações para a questão do aborto, pois a população é esmagadoramente contrária à sua liberação.

Mas o que causa bastante curiosidade é o timing do UOL para abordar e dar destaque a esta questão do aborto. Durante anos e anos, o debate sobre o aborto sempre foi envolto em muitas dificuldades. Sempre que tal assunto surgia na grande imprensa era devido a fatos fora da curva (como exemplos, há o tristemente famoso caso da menina-mãe de Alagoinha/PE e também o da jovem Jandira Magdalena Cruz), mas o mesmíssimo assunto era quase completamente ignorado em épocas de eleições, "omissão" que já foi tema de uma postagem aqui no blog - "Aborto, o tema esquecido nas eleições".

Ao PT e à esquerda em geral - como a abordagem da matéria do UOL deixa bem claro - o tema do aborto sempre deve ser tratado segundo sua própria cartilha. E aí surge o escândalo que é chamar religiosos para discutir o tema. O engraçado é que não há uma matéria no UOL ou na Folha de São Paulo ou na Veja que diga que é absurdo que a Igreja Católica ajude tantas crianças e famílias pelo Brasil afora através da Pastoral da Saúde. Não há uma matéria na grande mídia rasgando as vestes porque a Igreja mantém centros de recuperação de drogados, clínicas de acolhimento para portadores do vírus HIV, asilos, centros de educação para deficientes carentes, etc. Nestas horas não há manchetes chamativas que tentam criar indignação na militância que se sentiu alijada do poder.

Na verdade, quando a coisa aperta mesmo, a esquerda é capaz até de ir ao Vaticano para falar com o Santo Padre e reclamar de um fictício golpe. Mas deve ser difícil dar volta em Sua Santidade, pois como chamar de golpe quando os tanques e os soldados estão nos quartéis, a Justiça funciona normalmente, a imprensa continua livre, a internet liberada, e o direito de ir e vir continua preservado, inclusive o direito de atrizes medíocres irem encher o saco do Papa porque seu governo de estimação cometeu crimes e seria retirado do poder?

Mas vamos à fala do ministro...

"Como o senhor pretende tratar o tema do aborto?
Ricardo Barros - Esse é um tema delicado. Recebi a informação de que é feito 1,5 milhão de abortos por ano. Desse total, 250 mil mulheres ficam com alguma sequela e 11 mil vão a óbito. Esse é um tema que vou estudar com muito carinho com nossa equipe. Vou ver com o governo qual será nossa diretriz para agir nessa direção. Essa é uma decisão de governo. Não de um ministério, algo que possa ser decidido individualmente."
O ministro devia procurar gente que o informe melhor sobre o assunto. Estes números que pululam na imprensa nacional sempre são inflados, pois isto é de interesse de muita gente. A imprensa é quase sempre pautada pela militância abortista e a esta interessa pintar um quadro apocalíptico sobre o aborto no Brasil, exatamente como já foi feito em outros países.

Ninguém sabe o número de abortos feitos no Brasil.  A revista Veja, que é das mais atuantes em levar à frente a agenda abortista no Brasil, já publicou que nos anos 80, quando a população do Brasil era muito menor que a atual, o número de abortos era de mais de 4.000.000 por ano (veja em "Veja e o aborto: números fictícios").

Sobre as mortes maternas relacionadas ao aborto, há também muita confusão, confusão esta que é exatamente o que desejam os abortistas, eles contam mesmo com isto. A deputada Jandira Feghali, por exemplo, já tentou emplacar que morriam 1.000.000 de mulheres por ano no Brasil devido a abortos clandestinos. Quando o absurdo ficou claro a todos, sua postagem no Facebook foi ajustada, mas é claro que a confusão já estava feita.

E é por isto que o ministro falar em 11.000 mortes maternas relacionadas a abortos procurados é um total absurdo. Não sei quem está informando ao ministro estes dados, mas sugiro que ele urgentemente troque de assessor sobre este assunto. Estude mesmo com carinho o assunto e, principalmente, não se deixe levar pelo caminho que a militância abortista o tentará levar.

"O senhor considera aborto um problema de saúde pública?
Ricardo Barros - Esse é um problema que existe e precisa ser cuidado. Como é o crack. Como tantas outras mazelas da sociedade que precisam ser cuidadas pelo poder público. Mas a maneira como vamos abordar isso vai depender de discussões. Vamos ter de conversar com a igreja. A decisão do ministério não deve provocar resistência ou discussão. Temos de ajustar. Antes de propor uma política para isso, vamos ter de realizar um diálogo muito amplo."

Prevejo problemas para o ministro por causa deste trecho. Enquanto a militância irá adorar o trecho anterior a este, exatamente porque ele divulgou números fantasiosos do aborto, esta mesma militância irá ocupar a imprensa para denunciar o ministro por querer "conversar com a igreja" - imagino que ele queira dizer com os religiosos em geral - sobre este assunto. Neste momento, os mesmos esquerdistas que aplaudiram o desespero patético de Leticia Sabatella e sua ida ao Papa reclamar do suposto "golpe" irão pautar a imprensa apontando que o Estado é laico.

Uma previsão: nos próximos dias não aparecerão na imprensa declarações da militância abortista apontando o "absurdo", o "retrocesso", o "descaso" do ministro com a "situação de tantas mulheres humildes que não desejam levar uma gravidez à frente". Tudo isto, claro, é devido ao revés que significou a saída do PT do centro do poder, pois durante mais de 13 anos este partido lá esteve levando a agenda abortista a patamares que a população em geral ainda desconhece.

Eles se acham espertos. Eles sabem bem que a laicidade do Estado não quer dizer que aqueles que proferem algum tipo de fé sejam impedidos de tomar parte nas discussões e decisões pelo simples fato de serem religiosos, mas sim que, independente de alguém ter ou não fé, tais pessoas podem participar do processo político e das decisões com plenos direitos. Eles sabem disto tudo, mas não ligam, pois é bem mais fácil virar para a patota e dizer "Você viu o absurdo que o novo ministro disse? Cara, ele quer chamar religiosos para falar sobre o aborto! Religiosos, cara! O Estado não é laico?".

Espero que o novo ministro não se deixe pautar pela grande imprensa, que é amplamente favorável ao aborto, e tenha coragem de enfrentar o tema tomando como base o fato científico de que a partir da concepção já existe um novo ser humano, que tem tantos direitos quanto qualquer um de nós, e que, exatamente por isto, deve ter sua vida preservada até seu fim natural. 

O aborto não é um "problema da Saúde Pública" no Brasil. É, na verdade, uma das bandeiras mais caras ao atual feminismo e ao esquerdismo, e vem daí que em uma das primeiras entrevistas do novo ministro o portal do UOL tente dar tanto destaque a este tema.

Há inúmeros outros problemas enfrentados pelas mulheres em idade fértil, que causam muito mais mortes e que seriam de solução muito mais fácil. Bastaria vontade política e trabalho, e a imprensa poderia ajudar pressionando nossos governantes a solucionar tais problemas, a empregar eficientemente as verbas da saúde, etc. Mas, pautada pela militância favorável ao aborto, a grande imprensa prefere mesmo é criar confusão manipulando notícias para tentar afastar os religiosos de um tema que atinge a todos.


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